quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

não sabe rimar

Quis
de toda paz
ver nunca mais
mas de que tudo
jamais quis ver outros reais entre os demais.
Quis
nunca entender
a voz que veio dizer
sobre não perceber que estava começando a doer
Quis
nunca pensar
para não acreditar
que aquilo voltava a me atacar antes que eu pudesse adivinhar.
Quis
poder me prevenir
para abolir de mim
mas vim a recair
e acabei por repetir
e agora não posso mais fugir.

Tentei
tanto que me soltei
até o ponto em que amei
e implorei para encontrar esses finais.
Pensei
que jamais terei
então desdenhei aquilo que sonhei
e provei que comecei a corroer.
Doei
a ponto que achei
que jamais serei tolo a ponto de deixar me enganar.
Sentei
e chorei
desacreditei no que imaginei
e o que me resta agora é só mentir.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

agouro

Vou me sacudir até sumir
Vou fugir para dentro de mim
Eu vou correr
Minhas pernas já não se movem mais Meus olhos já não enxergam mais
Eu vou corroer

Existe um vazio que nunca será preenchido
Existe um vazio que nunca será entendido
E eu vou correr
Devagar eu vou desaparecendo, me embriagando na solidão

Ansiedade me procura e eu não posso mais fugir
Vagarosamente perco minha cabeça, perco a mim
Novamente estou fora de controle
Coloque-me em um pequeno pote

E no seu pote sou invisível, imperceptível.
Deixei-me criar raízes e me acomodar
Minha jaula é minha mente e daqui não posso correr

Aqui dentro já não escuto mais a voz da razão.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

finito

Em um dia qualquer, numa noite qualquer, quando estivermos só, alguém poderá nos ouvir?
Nossos uivos e lamentos cortantes, que quebram o vento da noite sombria, iluminando o breu da lua nos nossos dias de solidão.
Você vai poder ouvir meu apelo mesmo em um lugar tão distante, em seu outro mundo?
Eu espero que você não me deixe aqui. Mesmo sem te ter do meu lado sei que você estara aqui. Não me deixe sozinho agora que já lancei a sorte por nós.
Agora eu paro. Agora eu penso. Agora eu sei. Eu sei que estou disposto a carregar o mundo nas costas.

fluxo

Passos, repassos, abraços e laços.
Penso, repenso, intenso, extenso preciso de um lenço.

Indeciso
Impreciso
Impulsivo

Ir, voltar, arrepender, não rimar.
Falar com palavras e com palavras não se expressar.

Agonia. Minha dor ria. Espia, intriga, mas que dia.

Trivial
Complexo
Inverso ao verso

Não condiz, não faz sentido, não sabe o que diz, não permanece, enlouquece, corre, é da pior espécie. Aprender a perder.

Continuar não fazendo sentido.
Voltar ao início.

/

Você tinha um olhar tão distante que parecia tão perdida
Sua voz parecia como um doce gomo de prazeres de uma bela despedida
Aquelas lágrimas que caíram na areia secariam cachoeiras
Eu poderia simplesmente te dar adeus, mas quero não perder a minha vida inteira

Então tu me olhavas como uma cara feliz, aquele sorriso bobo sem motivos
Nunca entendi o porquê disso, não estava acostumado com finais felizes
Oh, por favor, não seja mais uma rotina, não me faça forçar mais sorrisos
Aquelas pessoas eram miseráveis, eu sei, mas é normal eles cometerem alguns deslizes

Acordei mais um dia sem sorrir.
Alguns flashs se passavam na cabeça que ainda rodava, eu não podia mentir
É estranho sentir falta das coisas que nunca me fizeram falta antes
Escutei os passos de alguém que estava indo, eram iguais ao seu jeito elegante
No fundo eu desejava que não fosse você, mas acontece que eu não fui feito para ter finais felizes

A primeira postagem é sempre a mais clichê.

Eu a vi parada em frente à livraria
Seu olhar era tão distante tão perdida e distraída que poderia ditar uma melodia
Cheguei perto, tão perto que ouvi seus pensamentos e eles me diziam que nossos lábios nunca se tocariam
Dei meia volta sem perceber que nunca vou saber se o que ouvi era verdade ou não

Eu a vi novamente em frente o cinema e dessa vez estava acompanhada
Seu olhar era disperso e frustrado, parecia estar insatisfeita com aquele momento
Não me arrisquei e observei, observei que ele chegou perto o suficiente para ler seus pensamentos
E seus pensamentos a ele nada diziam

“Leve-me para casa” disse ao homem mais próximo
Dentro daquele carro ouvi diversas coisas e entre elas as melhores entre as mais belas poesias
Entre elas uma breve cantiga da qual dizia “Arrependa-se de nunca ter tentado”
Em um breve suspiro percebi como era errado e covarde fugir das incertezas

Pela terceira vez estava parada fumando um cigarro na estação
Seu olhar distante e ansioso e dessa vez estava sozinha, sozinha e esperançosa
E sem pensar no que poderia escutar de seus pensamentos me aproximei e ouvi algo que nenhum rapaz um dia, jamais ouviria
Então lá estávamos nós, perto, tão perto que conseguíamos ouvir nossos próprios pensamentos
O meu não dizia nada, não pensava em nada, nada além daquele breve momento
E o dela dizia que tinha me visto pela primeira vez em uma livraria dando as costas para seus pensamentos que na hora diziam que queria companhia.